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Os primeiros japoneses em Mauá
A primeira família japonesa que chegou a Mauá, em maio de 1930, foi a de Meitoku Shimabukuro; a segunda foi a do Sr. Teruya, no final do mesmo ano, e a terceira, a de Taije Kanashiro, que veio do Japão no Kasato Maru e chegou à cidade em 1931. Na época só existia a pequena aldeia nas proximidades da estação. Nos arredores era capoeira e campo, brejo; em toda parte corria água saltando veados, queixadas, onças e cobras.
Desde então Mauá cresceu, tornando-se esta maravilhosa cidade, que progrediu muito como cidade industrial e, com a perspectiva da implantação do Rodoanel no bairro de Sertãozinho, nos próximos anos o progresso será gigantesco.
Os japoneses e seus descendentes também progrediram com o crescimento da cidade. Hoje, muitos têm formação universitária e tornaram-se bons profissionais da área de exatas e biológicas, atuando na indústria, comércio e agricultura. Ainda encontramos famílias de origem japonesa plantando verduras, batatas, frutas e mantendo granjas. Yamato Mura aqui chegou em 1936, estabelecendo-se no Sertãozinho e se dedicou ao cultivo de verduras e batatas.
No início, o grande problema da cidade era a má conservação da estrada de acesso. Pelos lados das pedreiras, as primeiras famílias japonesas que chegaram foram as de Shimabukuro e Kinjo. A mata era virgem e as dificuldades de transportes muito grandes. A colônia também se fixou na localidade da Quarta Divisão, a leste de Mauá, distante 12 km. No início, o cultivo principal foi o da batata. Mais recentemente, as famílias passaram a se dedicar à avicultura. Já no início dos anos 70, a colônia mantinha cerca de 60 milhões de aves e cultivava batata, verdura e flores.
De Pilar a Mauá - Ademir Médici -p. 366
Publicado em 24/06/2016
Os 108 anos da chegada do navio Kasato Maru ao Brasil foram comemorados na Câmara de Mauá com dança típica infantil, música de cordas e apresentação de taiko.
A Sessão Solene em comemoração ao Dia do Imigrante Japonês ocorreu em 22 de junho, no Plenário Ruy Barbosa, na Sede do Legislativo Mauaense. Presidida pelo Ver. Adelto Cachorrão, teve a presença dos vereadores Marcelo Oliveira, Dra. Sandra e Jair da Farmácia, além do ex-vereador Osmar Santos. Prestigiaram a cerimônia o Prefeito de Mauá, Donisete Braga, além de diretores de entidades comerciais e filantrópicas da cidade.
Houve apresentação de doraemon, chamisen e taiko, organizadas pelas três entidades de cultura japonesa em Mauá: Associação Cultural Nipo-Brasileira de Pedreira, Associação Okinawa de Mauá e Associação Cultural e Esportiva Nipo Brasileira de Mauá (esta última que convidou a Washi Taiko, de Ribeirão Pires, para abrilhantar o evento).
Cada associação indicou um homenageado, que recebeu diploma de honra ao mérito pela atuação em prol da preservação da cultural nipônica no Brasil. Além disso, a Câmara homenageou a gestão de cada entidade mauaense, com placa de reconhecimento de mérito.
Por Marize Tamaoki
Atualmente o Japão é considerado, um dos países mais adiantados, ricos e civilizado do mundo, o que tem provocado o aparecimento dos dekasseguis, invertendo o fluxo imigratório e emigratório ocorrido há um século: hoje são brasileiros de origem nipônica que seguem para o Japão em busca da sonhada "árvore de frutos de ouro". Em 1908, saíram de sua pátria, do outro lado do mundo, 781 japoneses que seguiram para o Brasil com muita esperança de uma vida melhor, mas sem a mínima noção do que os aguardava.
Voltemos nossa atenção para o século XIX, quando começou a modernização japonesa após a queda do Shogunato de Tokugawa, propiciada pela Renovação Meiji, em 1867. A população nipônica somava então cerca de 30 milhões, dos quais 84% constituíam a classe de lavradores; 7%, a dos samurais e os restantes 9%, as demais classes.
Com a abolição da "classe samurai", decretado pelo governo Meiji, logo após a Restauração (1868), muitos dos antigos guerreiros contribuíram para avolumar a massa de desempregados, criada em conseqüência da crise econômica que sacudiu os alicerces do antigo regime. Nesse período de transição, o problema da superpopulação se agravou muito com o desemprego, acentuado pela baixa produtividade agrícola e industrial. Como os camponeses atravessavam sérias dificuldades com os resultados negativos da agricultura e do artesanato, viram-se forçados a se deslocar para as cidades, desempenhando ali funções de mera subsistência. Como era de se esperar, a concentração excessiva da massa de camponeses nos centros urbanos, que não possuíam estrutura adequada para absorvê-la, provocou uma grande miséria. No campo, a situação também não era das melhores, desenvolvendo-se ali a "arte da resistência". Essa situação provocou muitas guerras internas, que, somadas aos ciclos de fome, produziam um elevado número de vítimas.
Em 1867, uma revolta liderada pelos samurais de baixa hierarquia, que estavam desvinculados dos senhores feudais e tinham o apoio dos comerciantes abastados, derrubou o Shogunato dos Tokugawas. Os camponeses, entretanto, não tiveram a mínima participação nessa revolta.
Por Marize Tamaoki
Decorridos 100 anos da chegada do Kasato Maru ao Brasil, trazendo 781 lavradores imigrantes contratados (165 famílias de 733 membros, além de 48 pessoas avulsas) pela Companhia Imperial de Colonização L TA. (presidida por Ryu Mizuno), a saga hoje se repete ao contrário.
Em busca da independência econômica e da possibilidade de adquirir seu próprio negócio e casa própria, cerca de 31.300 brasileiros estão vivendo no Japão na condição de dekasseguis, palavra que significa "buscar dinheiro fora". O dekassegui está consciente de que irá trocar o calor dos trópicos, a alegria e o bom humor dos brasileiros por um país em que o frio é intenso, tendo como acolhida japoneses, que, devido à sua cultura, são mais contidos em expressar seus sentimentos. Sabem que o trabalho que lhes estará destinado é aquele que o próprio japonês não aceita realizar, estigmatizado pela letra "K": Kitanai - sujo Kitsui - penoso Kiken - perigoso Portanto, a vida que irão enfrentar será dura e penosa.
A grande maioria trabalhará em fábricas de autopeças, de aparelhos eletrônicos e na construção civil. Outros prestarão serviços a firmas de limpeza, de segurança, a hospitais e poderão até trabalhar como carregadores de tacos de golfe. Já as mulheres mais maduras encontrarão ocupação como enfermeiras ou acompanhantes de idosos e doentes. Enfim, a vida no Japão, além de monótona, transformará os dekasseguis em pessoas sem identidade, vestidas de macacões sujos, apertando botões de máquinas, o que lembra as cenas de "Tempos Modernos" em que o personagem Carlitos, devido ao intenso trabalho repetitivo, transforma-se num autômato. Para quem estava acostumado ao arroz e feijão, churrasco e comida bem temperada, o contraste com o gosto agridoce dos "bentôs" e o excesso de peixe deixarão saudades da culinária brasileira. Nas fábricas, o horário de almoço será restrito apenas a meia hora e até as idas aos banheiros serão cronometradas. O dekassegui, habituado ao calor do clima tropical, enfrentará invernos rigorosos, sendo indispensável a calefação, os agasalhos pesados e os sapatos forrados com jornais. A sociedade nipônica é fechada para os dekassegui, mesmo que dominem o idioma.
Assim, em geral, eles preferem ficar em seus alojamentos e procuram formar comunidades, que lhes amenize a solidão e o choque cultural. A vida no Japão é muito cara para quem pretende "fazer o seu pé de meia": uma cerveja custa US$ 6,00; uma Coca-Cola, US$ 4,00. O turismo lá é difícil: todas as placas de orientação são escritas em diagramas. Mesmo assim, sutilmente, muitos brasileiros começam a dar sinais de que estão se fixando em definitivo no Japão, deixando de serem tachados como dekasseguis, para serem considerados apenas como imigrantes. Entretanto, a maioria pretende voltar um dia ao Brasil, mas poucos se arriscam a dizer quando, como ocorria na década passada.
Os primeiros dekasseguis brasileiros chegaram ao Japão por volta de 1983, no auge de uma recessão que combinava desemprego e inflação alta no Brasil. A partir desse período, muita coisa mudou no Japão, a começar pelo estilo de vida. Os homens solitários e de hábitos espartanos, que só trabalhavam e economizavam ienes, constituíram famílias com desejos de consumo. Já se dão ao direito de almoçar fora, visitar a Disneylândia de Tóquio e comprar eletrodomésticos, luxos impensáveis para o dekassegui dos anos 80. Sabemos que este ciclo imigratório está chegando ao fim.
O motivo principal é que em breve não haverá mais nipo-brasileiros aptos a trabalhar como operários no Japão. Os nisseis e sanseis, filhos e netos de imigrantes, não são mais jovens o bastante para recomeçar suas vidas tão longe. Além disso, as leis japonesas concedem visto de trabalho apenas a nikeis até a terceira geração. Portanto, os yonseis, a quarta geração, estão legalmente impedidos de substituir os atuais dekasseguis, que evidentemente irão envelhecer e se aposentar. Logo, mesmo com o crescimento da população dekassegui, o contingente de brasileiros atingirá o seu limite e se estabilizará. Certamente uma parte destes brasileiros ficará no Japão, fincará lá suas raízes com descendentes que terão esse país como terra natal e, certamente, num futuro próximo, alguém escreverá a saga dos "fossei", um povo que retornou à Terra do Sol Nascente.